23.6.11

22.6.11

Fiquei com medo de atender o telefone.
- Olha, desculpa, não volto mais.
Achei que ela fosse dizer isso.
Ok.
Vou ligar de volta.

11.6.11

Só pra não ver seu olhar escapar

Sou míope.
Não enxergo muito bem à distância.
Já tentei usar alguns óculos.
Fiz alguns.
Perdi outros.
Mas no geral nunca uso.
Acho que me acostumei a não enxergar à distância.
Mas de perto enxergo muito bem.
Não tenho problemas.
No raio de 2 metros enxergo tudo. Até 3 metros.

Você tava a menos que isso.
Uns 50 centímetros.
E eu vi: você não olhava pra mim.
Era um olhar "escapado".
Sabe?! Que escapa.
Olhar em fuga.
Eu vi. E de perto enxergo bem, hein!
Se você estivesse longe eu poderia me confundir:
- Que bosta de miopia! Será que ela tá me olhando?!
Mas não!
Você estava a 50 centímetros. Talvez menos.
Um olhar que fugia.

E por um momento desejei ter hipermetropia.
Trocaria minha miopia.
Só pra não ver seu olhar me escapar.

Tô feliz e triste. Ao mesmo tempo.

6.6.11

O ronco

Quando eu olhei pro lado ela tava roncando.
Juro!
Pense numa mulher linda.
Uma beldade.
Corpo perfeito.
Humor único.
Sabe aquela pessoa que você quer ter ao seu lado o tempo todo?!
Então...
Ela tava roncando!
Ronco mesmo!
Grosso.
Rude.

Eu achei bonito. Até.
Um charme.

Tendenciosamente, tenho a mania de endeusar a mulher.

Foi bom ouvir seu ronco.
Oriundo de uma provisória gripe típica de outono.
Foi bom.

Gosto dela mesmo assim.
Com ordens e roncos.
Sim, ela dá ordens.
E ronca.

Amém!


2.6.11

Amar é tipo comprar um All Star novo: não tiro do pé.
E o outro da alma.
Pelo menos pra mim.

40 minutos: sem pontos, nem vírgulas

Saí da Rua da Consolação do lado do Jardins entrei na Alameda Santos bem na esquina tem um bar onde o pessoal tava terminando de assistir o jogo do Santos e duas meninas tavam cantando uma música do pessoal do Clube da Esquina não sei quem era tipo um Flávio Venturini e lembrei que não gosto deles continuei andando e entrei na Rua Bela Cintra e atravessei a rua fora da faixa coisa que não se dever fazer pela primeira vez reparei que tinha um ponto de ônibus ali um rapaz desceu e começou a correr em direção à Avenida Paulista mas antes ele deu uma tropeçada mas não parou cheguei na Avenida Paulista e entrei à direita não gosto dessas novas luzes brancas da avenida e lembrei que não gosto de luzes brancas e lembrei também que troquei todas as luzes brancas da minha casa por luzes amarelas deixam o ambiente mais feliz e antes de entrar na Rua Augusta sentido centro um cara me ofereceu um panfleto ele era cabeludo e tinha uns 50 anos e reparei no panfleto que tinha um logo do Teatro Tuca e lembrei que fiquei em cartaz lá a essa hora eu já estava descendo a Rua Augusta passei em frente ao Sarajevo que é uma balada de um amigo meu e reparei que não tem nenhuma identificação na porta pensei como ele consegue sobreviver com uma balada que não tem identificação mas consegue e eu acho isso do caralho continuei descendo e fechei mais um botão do meu casaco que eu gosto bastante e lembrei que eu comprei em Berlim e fiquei feliz de lembrar da viagem que fiz ano passado alguém me pediu uma grana também em algum momento e continuei descendo porque eu moro lá no começo da rua passei em frente a todos os puteiros Vegas e tal e tinha uma viatura da CET colocando uma placa na faixa de pedestres dizendo espere o sinal verde pedestre mas achei melhor atravessar assim mesmo porque o farol tava quebrado nem verde nem vermelho senão ia ficar o tempo todo lá nessa altura eu já estava na rua de casa quando vi um rato a uns 5 metros na minha frente correndo em direção ao bueiro e pensei como deve ter ratos no subterrâneo da cidade tinha uns pedreiros trabalhando na obra ao lado de casa e já era mais de meia-noite então cheguei em frente ao prédio cumprimentei o porteiro que é amigo e disse que ia dormir subi sentei na mesa abri o computador e comecei a escrever tudo isso sem ponto nem vírgula porque nesses quase 40 minutos andando até em casa a cada ponto final a cada pensamento a cada virgula eu pensava nela e continuo pensando pensando que não devia deixá-la mas ficar perto dela.
Eu penso nela o tempo todo.
Sem pontos.
Nem vírgulas.

Estabanado.


Mas me fala de você.
Quando ama fica estabanado?
Tenta fazer certo e faz errado?
Você se sente como um personagem do Woody Allen?
Sente que não é suficiente?
Sente que o outro não sente como você?
Sente que tudo pode dar errado?

Me fala de você.
Quando ama dá frio na barriga?
O olho lacrimeja de felicidade?
Diz toda a verdade?
Quer proteger a qualquer custo?
Custe o que custar?
Se assusta de tanto amar?
E fica pensando em não errar?

Fala de você.
Onde você tava?
Onde você tava todo esse tempo?
Não hoje.
Nos últimos dias.
Meses. Anos.
Onde você tava?
Fala.
Me explica porque você me deixa estabanado?