2.6.11

40 minutos: sem pontos, nem vírgulas

Saí da Rua da Consolação do lado do Jardins entrei na Alameda Santos bem na esquina tem um bar onde o pessoal tava terminando de assistir o jogo do Santos e duas meninas tavam cantando uma música do pessoal do Clube da Esquina não sei quem era tipo um Flávio Venturini e lembrei que não gosto deles continuei andando e entrei na Rua Bela Cintra e atravessei a rua fora da faixa coisa que não se dever fazer pela primeira vez reparei que tinha um ponto de ônibus ali um rapaz desceu e começou a correr em direção à Avenida Paulista mas antes ele deu uma tropeçada mas não parou cheguei na Avenida Paulista e entrei à direita não gosto dessas novas luzes brancas da avenida e lembrei que não gosto de luzes brancas e lembrei também que troquei todas as luzes brancas da minha casa por luzes amarelas deixam o ambiente mais feliz e antes de entrar na Rua Augusta sentido centro um cara me ofereceu um panfleto ele era cabeludo e tinha uns 50 anos e reparei no panfleto que tinha um logo do Teatro Tuca e lembrei que fiquei em cartaz lá a essa hora eu já estava descendo a Rua Augusta passei em frente ao Sarajevo que é uma balada de um amigo meu e reparei que não tem nenhuma identificação na porta pensei como ele consegue sobreviver com uma balada que não tem identificação mas consegue e eu acho isso do caralho continuei descendo e fechei mais um botão do meu casaco que eu gosto bastante e lembrei que eu comprei em Berlim e fiquei feliz de lembrar da viagem que fiz ano passado alguém me pediu uma grana também em algum momento e continuei descendo porque eu moro lá no começo da rua passei em frente a todos os puteiros Vegas e tal e tinha uma viatura da CET colocando uma placa na faixa de pedestres dizendo espere o sinal verde pedestre mas achei melhor atravessar assim mesmo porque o farol tava quebrado nem verde nem vermelho senão ia ficar o tempo todo lá nessa altura eu já estava na rua de casa quando vi um rato a uns 5 metros na minha frente correndo em direção ao bueiro e pensei como deve ter ratos no subterrâneo da cidade tinha uns pedreiros trabalhando na obra ao lado de casa e já era mais de meia-noite então cheguei em frente ao prédio cumprimentei o porteiro que é amigo e disse que ia dormir subi sentei na mesa abri o computador e comecei a escrever tudo isso sem ponto nem vírgula porque nesses quase 40 minutos andando até em casa a cada ponto final a cada pensamento a cada virgula eu pensava nela e continuo pensando pensando que não devia deixá-la mas ficar perto dela.
Eu penso nela o tempo todo.
Sem pontos.
Nem vírgulas.

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