26.5.11

Olhos esbugalhados e vermelhos dão sono.

Miojo e lágrimas.

Então, ele começou a chorar em cima do miojo.
Suas lágrimas começaram a se misturar à água fervendo.
Suas lágrimas ferviam junto àquela massa instântanea.
Tudo porque ela havia dito que "seguia o sol da cidade à procurá-lo."
Havia tempo não ouvia nada parecido.
Algo tão bonito.
Tudo bem! Ela emprestara de uma canção de um compositor famoso.
Mas pouco importava.

Outros versos se sucederam:
"Eu bem sei onde tudo vai parar..."
Ou: "Trago nesses pés o vento pra te carregar daqui..."
E mais lágrimas inundaram o miojo.

Ele só pensava em fazê-la feliz.
Daria toda sua felicidade pra ela - se fosse possível!
Viveria como um poeta do seçulo 19: com tuberculose e escrevendo sobre as dores do mundo.
Tudo pra vê-la com um sorriso eterno.

Não! Ela não foi embora!
Ela disse que só foi ali e já volta.

Mas entre idas e vindas, ele derruba lágrimas no miojo com medo que ela não volte.

Ela oferece versos bonitos.
Ele, macarrão com lágrimas.
E juntos escrevem uma história.

À propósito: o jantar está na mesa.





19.5.11

Medida.

O difícil é encontrar a medida.
Por que é assim:
Quando você vai muito é muito.
Quando vai menos é menos.
Se vai mais ou menos é mais ou menos.
E essas equações devem conjuminar com as outras equações que vem do outro lado.

Explico:
Se você vai muito e a outra pessoa vai menos é pressão.
Se você vai menos e a outra pessoa vai menos não dá em lugar nenhum.
Se você vai menos e a outra pessoa vai mais é desatenção.
Se você vai muito e a outra pessoa também é divisão de aluguel.
Se você fica no mais ou menos e a outra pessoa também é tudo mais ou menos mesmo.
E ainda tem as pequenas nuances entres esses mais e menos.

Fica complicado.
Tô achando que não tem medida mesmo.
Nunca vai ter.
O lance é relaxar, alugar um filme e fazer uma massa.

Em tempo: o molho? Tempere a gosto. Sem medida.



14.5.11

Prazer, meu nome é Saul

Confesso que aconteceu há muito tempo. Não me lembro a data exata porque as datas me fogem.

Mas faz tempo que quis Maria. Desde a primeira vez que a vi.

Maria tem um jeito de andar, meio frágil, inigualável. Me lembro que tive vontade de dar colo, tamanha fragilidade.

Espiava ela de longe. Tinha um pouco de medo. Afinal, a timidez é minha sombra.

Mas gostava de espia-la.

Sonhava um dia colocá-la no meu colo.

Um dia sonhei que tava numa colina íngrime. Estava no alto dela. Maria passeava procurando alguma coisa no chão. Não me importava o que era. Me importava contempla-la.

No corte seco do sonho, ela estava deitada em meu colo. Nós dois na colina. Eu mexendo em sua cabeça. Ela adormecida. Esse foi um sonho.

Na realidade, sempre achara impossível a concretização desse sonho. Maria parecia inatingível. Intocável. Inatingível.

Então, descobri que acabara de chegar um forasteiro na cidade que havia cortejado Maria quando ela passeara no estrangeiro. Um estrangeiro?

- O que eles tem demais ou a mais, Saul?! - me disse um amigo.

Perdão, esqueci de me apresentar. Meu nome é Saul.

É um nome bíblico mas não sou religioso. Talvez espirituoso.

Não sei a magia que tem um estrangeiro.

Mas respeitei Maria e deixei de espia-la.

Fugi de seus olhares.

Evitei seu cheiro.

Transformei Maria numa amiga querida.

E se passaram longos meses...

Até que o estrangeiro foi embora.

Continua...

2.5.11

Algumas considerações

1. Sim, tenho pressa. Estou prestes à completar 36 anos. Se eu tiver um infarto será fuminante. E não terei conhecido a Disney, por exemplo.
2. Não, não tenho pressa. Gosto de olhar pros lados, pra cima, pra baixo. Saber onde tô pisando. Devagar e sempre. Para o alto e avante. Dentro e fora. Ops, isso é outra coisa.

Continua.

Então...

Sabe quando você vê um brigadeiro e tem vontade de levar de presente?
Sabe quando você quer ligar pra saber a opinião?
Sabe quando faz falta?
Quando a simples presença é suficiente?
Então...