5.1.10

A Garota de Vênus - Parte 2

Enquanto chorava, ela olhou no fundo dos meus olhos e, de repente, me soltou.
Me lembro de ter pensado, rapidamente:
- Não acredito que ela fez isso comigo...
Mas fez.
Por um instante veio aquele frio do montanha-russa.
Por uns dois instantes fiquei com aquele frio de montanha-russa.
E quando abri os olhos eu tava voando.
Tive a impressão que tinha asas no lugar dos braços.
Mas quando olhei pros lados meus braços continuavam lá. Intactos.
Então pensei:
- Eu tô voando com meus braços!
E numa atitude idiota, típica da minha pessoa, passei a chacoalhar os braços insandecidamente, com o maior sorriso que eu já pude dar e soltando o maior grito que um homem já soltou.

Quando saí desse “quase” transe, estava em pé, num vale.
No vale mais lindo do mundo.
Então, chorei de novo.
Só que dessa vez parece que o choro vinha de um lugar que eu não conhecia.
Um lugar, dentro de mim, que eu nunca tinha visitado, nem passado perto.
Um lugar desconhecido dentro de mim que jamais imaginei que pudesse existir.
Sabia que, à partir daquele momento, minha vida jamais seria a mesma.
Não saberia explicar o porquê e, sinceramente, até hoje não sei porque minha vida mudou.
Mas...
Sabe quando você sabe?!

Quando ia me perguntar onde estava a garota venusiana, senti uma respiração atrás da orelha. Senti aquele cheiro de cachorro maravilhoso e sabia que ela que estava ali.
- Aqui vai ser a minha casa. – Ela disse.
Pensei:
- É o lugar mais lindo do mundo.
- É o lugar mais lindo do mundo mesmo. – Respondeu ouvindo o meu pensamento.

Pela primeira vez desde que tinha encontrado a venusiana me senti à vontade de perguntar algo:
- Você não gosta de Vênus?
Ela respondeu:
- Gosto. Mas lá não existem pessoas. E eu gosto de pessoas.
- Quer morar comigo? – Perguntei.
Ele fez um silêncio e não me respondeu.
Hum...
Me veio uma sensação de ter feito merda...

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