5.1.10

A Garota de Vênus - Parte 1

Quando eu acordei, ela já estava na beira da cama.
Parecia ter um metro e oitenta de altura.
Não: hum e noventa.
Sei lá, acho que uns dois metros.
O cabelo era tão amarelo que parecia um pequeno Sol no meu quarto.
Suas pernas eram tão compridas que pareciam que iam socar sua cabeça no teto.
Algo se mexeu nas suas costas mas não consegui ver o que era.
Uma espécie de pele ou tecido especial revestia todo seu corpo sinuoso.
Fiquei imóvel. De medo e deslumbramento
Era uma figura imponente e não relutei: fiquei parado sem fazer nada.
E ela também. Apenas me observando.
Depois de horas parados, ela fez um pequeno movimento lateral de cabeça e me olhou da maneira mais meiga que alguém já olhou pra mim.

À tempo: digo ELA porque ELA possuía duas saliências no seu tórax que se não fossem os seios mais lindos que já vi não sei o que seriam.

Olhou pra mim e disse:
- Sou de Vênus.
Pensei:
- Que legal.
Veja bem, pensei.
Então ela disse:
- Que bom que você acha legal.

Ela lia mentes.
Eu estava em frente à uma extraterrestre venusiana gostosíssima, simplesmente divina e que lia mentes.
Mas não consegui me mover. Permaneci estático. Parado. Travado.
Não consegui pronunciar uma palavra. Nada.
Por um momento, notei que nem respirava.

- Conhece Vênus? – Ela perguntou.
- Só de nome. – Respondi da maneira mais idiota que uma pessoa pode responder.
- Gostaria de conhecer?
Meio gaguejando eu respondi:
- Bem, é que amanhã eu tenho um reunião e...

E antes que eu terminasse de falar, duas asas gigantescas do tamanho das de um Boeing me arrancaram da cama.
Nunca havia sentido isso antes.
Parecia que estava coberto por quilômetros e quilômetros de edredons com cheiro de lavanda e, pasmem, cheiro de cachorro.
Então percebi que a venusiana cheirava à animal. Um cheiro bom de animal. Um cheiro de terra e bicho que jamais imaginei que uma venusiana pudesse ter, sem levar em conta que nunca havia pensado que venusianos existiam.

Estava perdido nesses pensamentos, quando ela me chamou a atenção:
- Olha pra baixo!
Olhei. Meus olhos emudeceram. E chorei.

Nenhum comentário: