3.1.10

O colecionador de lágrimas

Ele dizia que a amava.
Ela dizia:
- Sei...
Ele não sabia o porquê.

Tentou de novo:
- Eu te amo.
Ela:
- Sei...
Lembrou do filme GHOST.
- Idem...

Mas tanto amor não iria acabar porque ela só dizia:
- Sei...

Depois de anos falando, num dia qualquer, como de costume, ele soltou:
- Eu te amo.

Silêncio.

Ela não disse nada.
Uma lágrima escorreu do rosto dela como se fosse uma resposta.

Desde então, nunca mais ele ouviu aquele:
- Sei...

Frequentemente escorria uma lágrima do rosto dela.
Após um gesto.
Um carinho.
Uma palavra bonita.
Sempre escorria uma lágrima.

Ele passou a colecioná-las.

Mas até hoje ele não sabe o que significava aquele:
- Sei...

Mas vira-e-mexe ele diz:
- Eu te amo.

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